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Resultado de pesquisa abre caminho para a cicloinclusão na UFSC

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Você deve ter notado o aumento da circulação de bicicletas e patinetes dentro da universidade nos últimos meses. A revitalização e criação de trajetos acessíveis para bicicletas foi realizada após o desenvolvimento de orientações para obras de mobilidade cicloviária pelo Departamento de Projetos de Arquitetura e Engenharia (DPAE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). As diretrizes foram baseadas em duas pesquisas feitas entre 2016 e 2017. Os principais pontos de análise serviram para a definição do perfil dos ciclistas da universidade. Analisou, também, a opinião desses usuários sobre os trajetos existentes e suas condições aqui na UFSC. O relatório final foi o primeiro passo para a criação de um plano de mobilidade acessível na UFSC.

As reformas nos caminhos entre a Biblioteca Universitária (BU/UFSC) e o Restaurante Universitário (RU/UFSC) fazem parte do projeto Rotas Acessíveis, o principal projeto, até então, a utilizar essas diretrizes. O trecho 1, nome dado a esse trajeto, incluiu também os caminhos da Praça da Cidadania, em frente à Reitoria II e a calçada do Centro de Cultura e Eventos. Além da revitalização da infraestrutura existente, a ampliação e a padronização dos bicicletários, o projeto também sugere algumas diretrizes legais, como políticas de estacionamento e áreas com velocidade controlada dentro do campus.

A pesquisa “Vai de bike pra UFSC?”, realizada pela Coordenadoria de Planejamento (Coplan) da Universidade em 2016, avaliou, com a ajuda dos ciclistas participantes, a condição dos bicicletários do Campus Trindade e também identificou os principais pontos de acesso e destino de ciclistas na universidade. Segundo a pesquisa,

Esse primeiro levantamento abriu espaço para definir o perfil e as necessidades dos usuários do meio de transporte na UFSC. No ano seguinte, a pesquisa “Por onde andas de bike na UFSC?”, também da Coplan, deu continuidade aos estudos do ano anterior, solicitando a opinião dos ciclistas sobre suas experiências com o veículo pela universidade.

O relatório final com os resultados gerais revelam que cerca de 72% dos usuários de bicicleta da UFSC são estudantes. A maior parte desses usuários se desloca a partir da Bacia do Itacorubi, que agrega os bairros da Carvoeira, Córrego Grande, Itacorubi, Pantanal, Santa Mônica, Serrinha e Trindade, até a universidade. A busca pela melhoria da saúde e a velocidade no deslocamento foram os principais motivadores dos usuários de bicicleta apontado na pesquisa. Por outro lado, a infraestrutura da Universidade e as condições climáticas da cidade ficaram como os maiores desmotivadores, na pesquisa aplicada em 2017.

Com base nesse levantamento, o DPAE criou diretrizes a partir de um plano estratégico para suprir quatro necessidades principais apontadas pelos usuários: infraestrutura, legislação, educação e campanhas de engajamento — ou os 4E: Engenharia, Esforço legal, Educação e Engajamento.

Educação (Education)

    • : Ensinar estudantes e membros da comunidade universitária sobre circulação segura através da inclusão do tema em assembleias, jornais, redes sociais, etc.

Encorajamento (Encouragement)

    • : Deixar estudantes e comunidade entusiasmados em ir até a Universidade de bicicleta sediando eventos, publicando mapa com o sistema cicloviário existente, realizando campanhas de marketing, etc.

Engenharia (Engineering)

    • : Adequar e melhorar a Infraestrutura dos locais de circulação de não motorizados podendo a Instituição trabalhar em parceria com Administração Publica Municipal para garantir condições de circulação também nas vias do entorno.

Esforço Legal (Enforcement)

    : Reduzir comportamentos negativos como altas velocidades desenvolvidas e desobediência à sinalização trabalhando em parceria com órgãos competentes locais desenvolvendo políticas de circulação no Campus e entorno.

No caso das Rotas Acessíveis, algumas dessas indicações e estratégias de implementação do DPAE foram anexadas ao projeto. “Como a gente não tem fundo próprio para esse tipo de obra, o programa acaba sendo anexado a outras construções”, comenta a engenheira Carolina Peña, uma das pesquisadoras responsáveis pela elaboração das pesquisas e o relatório final. Projetos como a urbanização dos novos blocos do Centro de Ciências Biológicas (CCB), a retomada das obras do Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM), a reforma do Bloco A do Centro de Educação (CED) são alguns exemplos. “Por falta de recursos específicos para esse tipo de obra (em área externa, de mobilidade), na maior parte das vezes, o as diretrizes precisam ser anexado a outros projetos de infraestrutura”, explica a pesquisadora.

O bloqueio de 25% do orçamento disponível da UFSC para este ano, o equivalente ao corte de R$46 milhões, impactaram também a verba disponível para a realização de obras em áreas externas da universidade. Para 2019, estavam previstos, até então, cerca de R$5 milhões destinados à obras e compras de equipamento para todos os cinco campi. Em 2015, esse valor era de R$15 milhões. No geral, a incorporação das diretrizes tem se dado em obras de manutenção, revitalização ou construção de edificações, como os exemplificados.

O relatório final do DPAE, além de mapear as condições envolvidas no uso de bicicleta no campus, também propôs que para iniciar o processo da cicloinclusão na UFSC, o ponto de partida deve ser a implantação de uma infraestrutura de qualidade, efetiva e inclusiva para a circulação de bicicletas, levando em consideração a sinalização, pavimento, drenagem, iluminação e estacionamentos. “Fica muito mais fácil iniciar as obras quando a pesquisa e planejamento já estão prontos”, comenta Carolina.

Bicicletários

Os resultados da pesquisa de 2016 e o questionário “Vai de bike pra UFSC?” ajudaram a definir, também, diretrizes específicas para os bicicletários da universidade. Foram analisados, principalmente, os tipos de suporte, o controle de acesso, a localização em relação aos pontos de destino dos usuários, e questões como a iluminação, visibilidade e manutenção desses estacionamentos. Separando os prédios e centros da UFSC em setores, a pesquisa observou a relação da demanda dos ciclistas e a quantidade de locais disponíveis para estacionamento por todo o campus.

Cerca de quatros dos dez setores apresentaram um número menor de vagas disponíveis, como o Setor 06, referente à região do Centro Socioeconômico (CSE) e o Centro de Ciências Jurídicas (CCJ). O Setor 06 foi citado por 9,10% dos respondentes e apresenta/possui/tem apenas 3,10% das vagas totais do campus.

Entre os 50 bicicletários da UFSC, foram identificados três variações no tipo de suporte no campus: suporte de encaixe de guidom (67%), suporte de encaixe de rodas (16,95%) e suporte em U invertido (15, 25%); alguns híbridos. A principal determinação das diretrizes diz respeito à padronização do tipo de suporte, tendo o suporte em U invertido como a melhor opção. Além disso, foram determinados também a pavimentação, iluminação e sinalização adequada para essa áreas.

Fora da UFSC

O trajeto dos ciclistas vai além dos limites da universidade. Pedro Correa, estudante de jornalismo aqui na UFSC, utiliza a bicicleta como veículo principal na maioria dos dias. Da sua casa para a aula, e da aula para o estágio, no bairro do Itacorubi, percorre pelas principais vias da região. “A Rodovia Edu Vieira é uma das piores”, comenta o estudante que percorre a região na maioria dos dias. As obras de duplicação da rua, retomadas no início deste ano, dificultam até hoje a passagem de pedestres, ciclistas e automóveis. “É difícil porque a calçada e as ruas são muito estreitas”, comenta o estudante que precisa disputar espaço com carros e demais veículos motorizados na rua, ou com os pedestres em cima da calçada. Para Pedro, fora da universidade, essa é uma prática comum. Até o seu estágio, no bairro do Itacorubi, devido a falta de ciclovias ou trechos descontínuos, o tráfego intenso dos veículos motorizados o obriga a voltar para a calçada.

Sobre o rotas acessíveis

O projeto das Rotas Acessíveis surgiu a partir da demanda de caminhos acessíveis na universidade. Esse projeto deu iniciativa a elaboração de diretrizes a serem replicadas em outras obras e, posteriormente, em outros campus. As obras iniciaram durante o primeiro semestre de 2018 com reformas nos passeios da BU e por todo o trajeto até o RU.

As reformas da primeira etapa foram realizadas com a verba de R$1 milhão de reais recebida pela UFSC por emendas parlamentares entre 2017 e 2018. A verba disponível não foi suficiente para cobrir todas as áreas ea reforma precisou ser separada em duas etapas. A mobilização de estudantes por meio do coletivo Por Uma UFSC Inclusiva e da Coordenadoria de Acessibilidade Educacional da Secretaria e Ações Afirmativas e Diversidades (CAE/Saad), na época, reforçou as demandas por passeios inclusivos na universidade.

A próxima etapa do projeto é o desenvolvimento do Trecho 2. O planejamento dessa parte considera o caminho a partir da entrada Trindade/Lauro Linhares do campus, próximo à Secretaria de Segurança Institucional (SSI), até a Biblioteca Universitária. Essa fase do projeto pretende construir a primeira ciclovia da universidade. Segundo a pesquisa elaborada pelo DPAE em 2017, esse é um dos trechos com maior circulação da universidade. O plano também inclui reestruturação do ponto de ônibus e das calçadas.

Histórico

Projetos anteriores como o Ciclovia Eficiente (2009) e a Estação das Bicicletas (2011) são duas das tentativas anteriores de elaborar um rede cicloviária na UFSC.

O Estudo de Viabilidade para implantação da Ciclovia Eficiente foi elaborado um ano antes do primeiro diagnóstico da mobilidade no campus, em 2009. Ambas as pesquisas serviram como base para a elaboração do projeto Executivo de Ciclovia, em 2012. Esse projeto de ciclovias e ciclorotas começou a ser implantado na universidade nessa época, plea empresa AH8, via contrato com Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (FEESC). Quando o Projeto Executivo de Ciclovia entrou em ação, ele implementou o trecho próximo ao Departamento de Química, por exemplo, com uma ciclovia elevada construída em madeira, que viria a ser o padrão de ciclovias. Mas além do alto custo de manutenção, a construção isolada da rota não a integrava a nenhuma outra via, inviabilizando o uso.

(UFSC, 17/06/2019)

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